As empresas e as pessoas no quadro da Covid-19

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As empresas e as pessoas no quadro da Covid-19

O novo coronavírus no mundo, com evoluções diferenciadas conforme a geografia, o momento da sua chegada e a opção de gestão de combate a esta pandemia, instalou-se na sociedade e no nosso quotidiano, alterando o quadro de referências que até agora considerávamos estáveis e duradouras, afectando as nossas vidas, a vida das empresas e a economia no seu geral.

Esta pandemia, para além das questões muito importantes de saúde pública e, infelizmente, das muitas vidas já perdidas, de que todos os dias recebemos informação, está a provocar também efeitos nefastos ao nível da economia, cuja extensão e consequências ainda é cedo para calcular. E, de acordo com a maioria dos especialistas na matéria, este não será um fenómeno do momento, nem passageiro, mas algo que irá perdurar e alterar a forma de olhar o futuro, a todos os níveis.

No domínio empresarial, todos os sectores de actividade, instituições ou empresas, estão a ser, de uma forma ou de outra, afectadas pela crise provocada pela pandemia, com uma extensão variável conforme a saúde financeira em que se encontravam, a estratégia e planeamento que os orientavam e que determinaram a capacidade e rapidez de resposta que cada uma foi capaz de dar para se ajustar às novas determinantes do mercado.

Os reflexos desta situação têm sido profundos, pelo que estamos a assistir, ao nível do tecido empresarial, a diversas situações de suspensão da actividade, de colocação em regime de layoff, inteiro ou parcial, de encerramento temporário ou mesmo de falência declarada ou eminente, o que irá provocar um fenómeno de recessão na economia e requererá do tecido empresarial formas criativas e inovadoras para superar este enorme desafio.

Ao nível das pessoas, o impacto na sua qualidade de vida é já enorme, quer pela forma como está a ser afectada a sua empregabilidade e a sua remuneração, gerando mais desemprego, o que força o incumprimento das responsabilidades financeiras e aumenta o risco de pobreza. Mas para além destes efeitos materiais, não menos importante são as questões de ordem psicológica e comportamental que este vírus nos trouxe. Animais sociais por natureza, o isolamento prolongado, a impossibilidade de cumprir as rotinas a que estamos habituados ou de ter os momentos e espaços de fuga e de compensação necessários ao nosso equilíbrio, estão a gerar efeitos de ordem psicológica, ao nível da sua estabilidade, índices de confiança, segurança que impactarão posteriormente no seu desempenho profissional e na produtividade.

Deixam-nos confiança no futuro as muitas reacções que assistimos a estes desafios, nalgumas empresas e pessoas. As tecnologias de comunicação, já não novas mas ainda pouco usadas, viraram o foco das atenções e a base de construção de muitas alternativas de funcionamento e de vivência. São exemplo disso o recurso ao teletrabalho, as reuniões e conferências via plataformas digitais de comunicação, a flexibilização dos processos e um acréscimo do suporte digital em detrimento do papel. Mas também o reforço das condições de higiene e segurança no trabalho, de saúde e protecção pessoal, que as normas sanitárias e o isolamento social nos trouxeram, e, directa ou indirectamente, o reforço e melhoria das condições e preocupações ambientais. 

Estamos perante um enorme desafio: o de nos reinventarmos! Nada irá ser como era ou conhecíamos até agora! 

Pelo que, pensar o futuro com base nos modelos do passado, se já era um enorme risco então agora será uma forma de actuar completamente desaconselhada. Este fenómeno trouxe-nos com mais premência, em particular para as empresas, a necessidade de ‘pensar global e actuar local’, entendendo local no contexto do ambiente específico em que nos inserimos – país, economia, região, sector de actividade e estrutura produtiva ou comercial, privilegiando as relações institucionais e com as pessoas, sejam elas accionistas ou sócios, parceiros, fornecedores, clientes ou colaboradores. 

Para as pessoas, este fenómeno trouxe, pelo menos, o reforço da ideia da relatividade da vida e das coisas, e da importância, tantas vezes esquecida, do social e do relacional para a nossa estabilidade. Saibamos aproveitar o tempo em que somos forçados a estar sós, para fazer uma profunda reflexão sobre o antes, o agora e o depois que temos de construir. A retoma tem de ser pensada, planeada e preparada.

Na SDO Moçambique, temos estado a reflectir sobre tudo isto e temos já analisado diversas medidas e tomado algumas acções concretas. Continuaremos a fazê-lo, agregando e reflectindo sobre toda a informação disponível, e a partilhá-las convosco, como estamos a fazer com esta primeira.

Fiquem bem, cuidem-se e façam o favor de ser felizes.

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